No início de outubro arrancou mais um Curso de Cuidados Básicos a Idosos com enfoque nos Paliativos, integrado no Projeto “Corações que Cuidam”. A decorrer em Lisboa e no Porto, participam nesta segunda edição do curso 16 mulheres migrantes e refugiadas que, como as próprias se definem, são mulheres que “ultrapassaram fronteiras”, não apenas as que separam países, mas tantas outras que a vida lhes foi colocando pela frente e que elas foram superando.
Sónia M., é brasileira, enfermeira de profissão, e chegou a Portugal no final de 2021. Fala do curso e do que esta experiência de aprendizagem está a representar para si:
“Eu estou aqui buscando experiências novas de crescimento pessoal. (…) Tudo é um aprendizado. Eu estou aprendendo e isso tem mexido muito comigo. Está sendo tão rico para mim!”
Refere-se à mais valia dos diferentes conteúdos que compõem a formação, desde o módulo de Desenvolvimento Pessoal, ao módulo de Cuidados Básicos a Idosos, passando pelas sessões de coaching que o Projeto disponibiliza:
“O que eu tenho aproveitado do curso é a humanização (…), é como estamos a ser ensinadas e ver o Outro, tirando todo o preconceito, toda a diferença cultural, social, podendo deixar isso de lado e ver o Outro como pessoa. (…) E me vendo como pessoa! Eu sou uma pessoa, suscetível a erros porque eu tenho uma história, suscetível a sucesso porque tenho uma história, suscetível a fracassos porque eu tenho uma história, mas o importante é que eu posso fazer uma mudança, [criando] consciência de algumas coisas. E é isso que eu estou aprendendo aqui, a ter consciência de quanto eu sou pessoa.
(…) Como cuidadora o curso faz diferença, muita diferença! Já está fazendo. Ontem na aula que tivemos aqui sobre as doenças do idoso, nós já podemos identificar quem tem o quê, porque é que reage assim, porque é que tem todas aquelas limitações, porque é que a fala é assim, a marcha é assim. Até quando aquele “coach” esteve aqui, ele falou uma frase que eu sintetizei: ‘colocar o cérebro para pensar’. A gente tem preguiça de pensar, então o coaching vai fazer você pensar a partir daquilo que você quer. E poder falar da Interculturalidade…! Meu Deus, que tema rico! Como são todos os temas que vimos aqui até agora. É uma grande valia.”
A propósito do módulo “Abraçar a Vida Aceitando a Morte”, que pretende dotar estas futuras cuidadoras de competências emocionais para lidar com o sofrimento (do próprio e do outro), Sónia conclui que: “Quando a gente ouve o sofrimento do Outro, é incrível como isso nos fortalece”.

O curso tem a duração de três meses e terminará no final de dezembro, altura em que as formandas já terão tido oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos nas aulas teóricas. A componente prática decorrerá nas instalações das entidades parceiras do projeto: a Casa Nossa Senhora da Vitória em Lisboa e a Associação Benéfica e Previdente no Porto. Também no Porto, tem sido imprescindível a colaboração da Junta de Freguesia do Bonfim, através da cedência do espaço para a realização das formações.
O projeto “Corações que Cuidam” foi aprovado no âmbito do Programa Cidadãos Ativ@s, financiado pelos EEA Grants e gerido pela Fundação Calouste Gulbenkian em consórcio com a Fundação Bissaya Barreto.