Construir esperança e resiliência em detenção
Bruxelas, 17 de Junho de 2019 – A Esperança é um valor basilar do JRS em todo o mundo. Os voluntários e as pessoas que trabalham no JRS Europa dão provas deste valor tanto no seu trabalho como nas relações com as pessoas que servem, incluindo muitos dos que trabalham com pessoas que estão detidas e os que anualmente se juntam para o Detention Visitors Support Group (DVSG).
Para trazer esperança.
Para ter esperança juntos.
Para ter esperança de que os projetos de migração continuem.
Para ter esperança na libertação da realidade da vida em detenção.
Ao mesmo tempo, as pessoas que visitam os centros de detenção devem ser resilientes e cuidar de si. Muitas vezes, os visitantes das pessoas em detenção acham que dizer que “não” ou sentirem que não conseguem ajudar as pessoas à frente deles é a parte mais difícil do seu trabalho.
“Recusar e encaminhar é o início do processo de recuperação” diz Andrew Vernyuy do JRS Luxemburgo. Andrew é psicólogo e trabalha com homens sozinhos, sob processos de Dublin, e que estão detidos em casa antes de retomarem a outros Estados-membros. O aconselhamento pessoal e o apelo às organizações certas, quando as necessidades das pessoas vão para além do apoio que ele e a sua equipa conseguem dar, são ajudas na reconstrução e na estabilização das suas vidas, conseguindo dar os primeiros passos, encarar o passado e a melhor perspetivar o futuro.
O 13º encontro do DVSG teve lugar no passado mês de Junho, no Porto, pela primeira vez. Até então, este encontro anual realizava-se em Bruxelas.
No total, 24 pessoas de 12 países diferentes representaram o JRS Europa e participaram na formação que incluiu a troca de experiências sobre as condições de detenção em cada país. Uma formação para reconhecer e construir qualidades de resiliência nas pessoas que estão detidas e aprender mais sobre o contexto específico e as práticas de detenção em Portugal.
“Foi muito enriquecedor poder partilhar experiências com os outros participantes, tanto nas formações como nos momentos informais porque me ajudou a visualizar o trabalho do JRS e a sentir-me parte de uma organização maior”, conta Adriana Gullón do SJM Espanha. Os participantes criaram muitas ligações – pequenas dicas e truques que os podem ajudar no seu trabalho diário.
No Porto, o JRS trabalha na Unidade Habitacional de Santo António (UHSA), com a presença de dois colaboradores e 10 voluntários. O JRS Portugal dá apoio legal e psicossocial e organiza atividades lúdicas para as mais de 30 pessoas detidas do centro. Trabalha em parceria com outras ONGs – como a OIM (Organização Internacional para as Migrações) e a Médicos do Mundo – e com parceiros organizacionais para providenciar os melhores apoios e serviços possíveis enquanto as pessoas vivem no centro.
“Em Portugal, as práticas contra migrantes que estão detidos são melhores que noutros países da Europa”, admite Sofia Teles, jurista do JRS Portugal que trabalha na UHSA e organizou o DVSG deste ano. Os participantes testemunharam isto na visita que fizeram à UHSA e durante a reunião com a Inspetora Helena Cabral do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Enquanto esta for uma prática constante nos Estados Membros Europeus, o JRS apela ao fim da detenção administrativa e ao uso de alternativas que promovam a dignidade e a liberdade das pessoas.
Artigo originalmente publicado pelo JRS Europa aqui.
Partilhe...